Ontem ao final da tarde fui dar uma volta com um canídeo, um velho amigo, de pêlo imaculadamente branco. Aproveitámos o fresco do final de tarde, ele para andar a regar os postes, as árvores, e as esquinas dos prédios, eu para conseguir baixar a temperatura corporal. Fomos andando lado a lado embrenhados na nossa comunicação inter-espécies até encontrarmos um desses códigos de barras pintados no chão onde os humanos costumam passar as estradas, à nossa frente passou um automóvel com uma das janelas traseiras aberta quase na totalidade, e dela, saía uma cabeça de um outro canídeo, desta feita castanho, era um desses geralmente catalogados como perigosos... olhámos para ambos os lados, e atravessámos. Algum espaço percorrido depois, vimos o mesmo canídeo castanho a correr rua fora com a aquela corda ao pescoço a arrastar, e atrás dele, um jovem humano a correr para o tentar alcançar. Parecia uma cena tirada dos desenhos animados de há muitos anos atrás, em que duas personagens se perseguem e cruzam sem nunca se encontrarem... e nós fomos seguindo o nosso caminho... uma senhora aproximou-se de nós e perguntou-nos se tínhamos visto um "cão castanho grande que tinha saltado pela janela do carro", apontei com a ponta do rabo a direcção em que o "cão castanho" havia "fugido" e a senhora acrescentou "ele costuma atirar-se a cães pequenos"... a mim não me confundiria certamente! Mas o meu amigo, companheiro de tantas brincadeiras, quis o destino que fosse "cão", e a preocupação ocupou-lhe aquelas duas pintas pretas visíveis por entre todo aquele seu pêlo branco... fomos a passo largo na direcção contrária! Eu temendo por ele, e ele temendo por si próprio!... e começou o pranto... algures, não muito longe, ecoava a voz alterada de uma mulher embrulhada em lágrimas de desespero... um desespero completamente impotente de quem vê e nada pode contra o que vê mesmo à sua beira. E de novo as pintas pretas na face do meu amigo revelaram o que sentia... preocupação... e como eu o compreendia... O ataque foi rápido, mas a luta que se seguiu demorou largos minutos, o pobre canídeo alvo do ataque era um caniche (explicou-me o meu amigo, visto que o confundem muitas vezes por um caniche)... não teve hipótese... nem mesmo com a corrida da dona mais jovem para um consultório de veterinário ali perto, nada foi possível fazer para evitar a tristeza que trouxe este desfecho...
Disse-me o meu velho amigo, que, os da sua espécie considerados potencialmente perigosos, devem usar um açaime, e tanto ele como eu vimos que aquele não o tinha colocado... que morte tão evitável...
Disse-me o meu velho amigo, que, os da sua espécie considerados potencialmente perigosos, devem usar um açaime, e tanto ele como eu vimos que aquele não o tinha colocado... que morte tão evitável...
2 comentários:
Tal como o teu velho amigo, também eu, há pouco mais de 15 dias, assisti a uma morte dessas "tão evitável" mesmo em frente à porta de minha casa... Triste, muito triste...
Bjinhos :(
foge!
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